Os engenheiros de segurança são profissionais acostumados a lidar com situações muito concretas de prevenção de acidentes em locais de trabalho. Nas fábricas, a prioridade é prevenir acidentes com máquinas. Nos canteiros de obras da construção civil, a função deles é evitar que os trabalhadores caiam dos andares em construção, ou então que algo caia sobre suas cabeças.

Porém, a partir de 17 de março deste ano, de uma hora para outra, os engenheiros de segurança foram obrigados a se adaptar para a luta contra uma ameaça invisível – o novo coronavírus – e muito distante da realidade deles de até então.

Na Direcional Engenharia, que tem hoje 53 canteiros de obras distribuídos por 13 estados, a previsão de que uma ameaça grave à segurança do trabalho estava por vir começou a ser sentida no final de fevereiro, quando chegaram as primeiras notícias de que a doença estava ampliando seu alcance para fora da China.

Foi quando, segundo a gerente nacional de Administrativo de Obras da companhia, Gláucia Teixeira Brasileiro, começaram a ser canceladas diversas viagens ao exterior e estudadas as primeiras medidas para evitar que a pandemia causasse maiores problemas à companhia.

Porém, segundo Gláucia Teixeira, as medidas mais concretas somente foram adotadas no dia 17 de março, quando aconteceu o “fechamento” da economia. “Para a engenharia de segurança no trabalho, foi um desafio que requereu de nós muita serenidade para ligar com um ambiente de muita incerteza”, disse Gláucia Teixeira.

Primeiros sinais – Na MRV Engenharia, a chegada da pandemia começou a ser notada também em fevereiro, quando o setor de compras da companhia recebeu as primeiras informações de que alguns componentes de equipamentos de segurança regularmente adquiridos pela MRV, como máscaras e luvas, estavam em falta no mercado, relata o engenheiro de segurança José Luiz Esteves da Fonseca, gestor executivo de Segurança, Saúde e Meio Ambiente da empresa.

Ele explica que estes produtos eram adquiridos no mercado nacional, mas muitos de seus componentes eram importados da China. Mesmo diante desses primeiros sinais, os fornecedores garantiram que os produtos não iriam faltar. Por isso, até aquele momento – fevereiro – os sinais recebidos foram no sentido de que a Covid-19 era algo ainda distante da realidade brasileira. “Era só ruído”, definiu José Luiz da Fonseca.

A exemplo da Direcional, a constatação, pela MRV, de que a realidade era muito pior do que o imaginado veio também no dia 17 de março, com o trancamento generalizado da economia determinado pelos estados e alguns municípios, como Belo Horizonte. José Luiz da Fonseca afirma que, do ponto de vista pessoal, foi um momento totalmente fora da realidade que estava acostumada a enfrentar na empresa.

“Diariamente, até nove da noite, eu não tinha outra vida”, afirma o diretor de Segurança, Saúde e Meio Ambiente da MRV, que diz ter perdido a conta do número de atualizações de protocolo que foi obrigado a fazer nos primeiro dias da pandemia. 

Fonte: DIARIO DO COMERCIO